Thursday 10 February 2011

Ode ao Texto

Introdução

Se reflectirmos na nossa própria vida reparamos que há livros que nós memorizamos devido ao facto de nos terem marcado, porque nos ensinaram ou nos levaram a viajar por lugares únicos de um quasi mundo. Este mundo virtual é o mundo da literatura, mundo esse que nos constitui também como seres humanos, porque somos o único ser vivo que sente pensando e que consegue ter a faculdade de literacia. Se pensarmos nesta capacidade do homem, podemos reflectir na importância do livro nas sociedades. O texto lido provoca algo no seu leitor e para ter sido escrito antes de lido algo aconteceu também no seu autor (locutor). Há um envolvimento na obra, que nos expressa em si um tempo vivido que poe vezs só é compreendido com uma certa técnica e competência de leitura, que envolve na sua essência tanto a explicação como a sua compreensão.  Mas como podemos entender melhor este processo?
A hermenêutica é a chave para o entendimento do que estamos a falar e a perspectiva do pensador Paul Ricoeur será a nossa luz durante o caminho que temos de percorrer na nossa reflexão. Ricoeur foi pioneiro no seu pensamento hermenêutico porque quis entender muitas das dictomias existentes nesta área e ao entende-las quis nutri-las de necessidade mútua na sua existência. 
Na Filosofia estamos habituados a reconhecer a importância fundamental das obras literárias, visto que são o objecto principal do estudo ou investigação filosófica. A interpretação de textos é uma ferramenta essencial no pensamento filosófico, porque desenvolve as suas competências cognitivas e as complexifica. Portanto, podemos interiorizar que de facto o texto oferece-se a nós e permite-nos uma experiencia única e um reconhecimento do nosso próprio eu.
Por fim refiro que considero de relevo reflectir nesta temática, que apelei de “Ode ao Texto”. Com o intuito de reflectir na natureza do texto e na sua relação com o Todo vivido. Porque surgiu em mim uma vontade de reflectir no nosso quotidiano e no seu desapego à obra literária que começa a promover uma espécie de crise no desenvolvimento do pensamento crítico da humanidade.

(...)

2º Capítulo
“A importância do sentido do Texto”
Este capítulo é dedicado a formação educativa do ser humano e à importância do texto nessa mesma formação. Como sabemos as Humanidades sempre desenvolveram competências no pensamento humano. Contudo, actualmente podemos reflectir que existe uma crise nas Humanidades e essa deve-se significativamente ao desapego continuado, que as nossas sociedades contemporâneas têm tido em relação ao mundo da literatura e das suas áreas elementares, promovendo a necessidade de um método de leitura aprofundado e de uma busca de sentido do texto.
Como referimos no capítulo anterior a procura do sentido do texto é uma experiencia única e complexa, que educa o ser humano sobre a sua própria natureza. Ricoeur é um filósofo que nos chama a atenção para um modo de entender o texto muito mais humanístico, que cientifico como a tradição ditou durante três séculos, onde a técnica se emergiu a uma velocidade extrema e fez esquecer os processos de humanização.
No século XIX muitas mudanças surgiram nas sociedades pós-modernas até ao nosso quotidiano actual. Novos meios de comunicação surgiram com uma rapidez incrível, o que provocou mutações no modo de comunicar mensagens e informação. Actualmente temos uma informação tão vasta e tão acessível perante nós, que facilmente caímos em erros de escolha e em informação facilitada e pouco detalhada. Este facilitismo permite ao homem um desenvolvimento muito escasso do seu saber e  uma reflexão pouco aprofundada sobre o todo existente.
Carlos Reis no seu texto “A Crise das Humanidades” (publicado no jornal O Público em 2005) referencia-nos que «a deslegitimação progressiva da palavra escrita e (lida), em beneficio de discursos dominados pela imagem, a gradual perda do poder simbólico de saberes com a tradição na cultura ocidental (a Filosofia, a Literatura, a História), a hegemonização televisiva e a brutal tabloidização de uma vida pública reduzida à indigência, a afirmação de ciências sociais que às vezes decorem à margem daqueles saberes, a integração académica de formações entendidas como profissões com auto aprendizagens “práticas” (…)»[1] Promovendo-se, assim uma desvalorização não sustentável ao mundo da teoria, que é tão importante na formação académica, profissional e pessoal do ser humano.
Os meios de comunicação evoluíram significativamente, para além da escrita fomos confrontados com uma cultura de som e imagem, o que prejudicou a intensidade da escrita como um patamar único de universais poéticos. O que são estes universais poéticos?
Como sabemos, o homem sempre se questionou sobre a sua conduta prática. E tal questionamento deve-se significativamente ao facto de este ao longo da sua vida ser confrontado com questões existenciais. Tais questões implicam uma necessidade de reflexão e de entendimento, e o próprio mundo da literatura sempre presenciou em si mesmo essas questões, que estão envolvidas nos próprios universais poéticos (como por exemplo, a culpa, o amor, o ódio, a saudade, a confusão intelectual, a coragem… etc.) O enredo da história narrada na escrita, como por exemplo em Epopeias Antigas possibilitam-nos um auxílio para o nosso próprio entendimento de existir neste mundo, que nos transmite tanta afectividade tornando por vezes complicado racionaliza-la, devido a sua abstracção subjectiva.
«La desproporción entre el principio del placer y el principio de la felicidade es la que descubre el significado propriamente humano del conflicto.»[2] A vida do homem nunca foi objectiva, há imensas subjectividades que o penetram e promovem conflitos existenciais em si. A existência humana pode ser declarada como desproporcional. O ser humano vive de vontade própria, contudo não é livre de conflito, do mal, do temor ou da imperfeição, que sem dúvida alguma preenchem e adjectivam a natureza humana.
«A palavra hermenêutica cobre, pois, já desde o mundo grego vários níveis de reflexão. Designa, fundamentalmente uma technè (e não uma ciência), a arte de interpretar e apropriar o sentido dos grandes textos – que fundavam, pela sua dimensão simbólica e normativa uma determinada comunidade humana – ou ainda a arte de compreender o significado latente e obscuro de mensagens que reclamavam ser entendidas.»[3]  Esta reflexão traduz-se gratificante para o ser humano na sua existência, porque o obriga a auto-confrontar-se com as suas aptidões cognitivas e a desenvolver as suas afectividades elaborando uma meditação sobre o seu próprio tempo vivido. Mas como podemos encontrar o sentido do texto numa sociedade que emerge o seu sentido nas novas tecnologias e no seu consumo diário?
As Humanidades são e serão sempre precisas para a busca do sentido do homem no mundo, contudo devido ao pluralismo das áreas que hoje conhecemos de comunicação é necessário actualizar as Humanidades, não deixando nunca para trás a sua tradição. Esta actualização é necessária para que a sua existência não seja deteriorada pelos novos meios de comunicação, que se apoiam grande parte num mediatismo exagerado e acrítico (como por exemplo Televisão).
O importante é manter a procura do sentido do texto, que Ricoeur nos dita como a abertura do texto a um mundo vasto de possibilidades que se estende na interpretação do seu leitor. Apesar de todo o facilitismo provocado pelo mediatismo vivido nas nossas sociedades, temos de ter noção que existe também uma ruptura nesse mesmo mediatismo. Porquê? Porque os que estudam humanidades têm uma tendência a teorizar a criatividade e a promover a sua prática. E os que estudam imagem ou som necessitam dessa teorização para fazerem sobreviver a sua obra. Actualmente, temos por exemplo na área do Design Gráfico presente uma critica muito forte ao nosso ritmo quotidiano. Trabalhando com imagem e com redacção criativa temos um impacto visual e reflexivo em trabalhos únicos, que se originam numa liberdade incrível de comentar o que vivemos. O bom design tem por intuito clarificar mensagens e usar a imagem para atentar o seu observador, não com um intuito estético ou não estético como na arte, mas sim um intuito reflexivo e crítico.
Actualmente muitos teóricos criticam a cultura de imagens que vivemos, contudo é necessário entender que a imagem pode ajudar o leitor a buscar o sentido do texto. Porque permite uma abordagem visual para o que o texto pretende afirmar. A falta de interesse pela leitura é hoje um facto incontestável e a imagem pode permitir uma chamada de atenção para o homem da necessidade de leitura. Estes novos meios de comunicar podem permitir um revivalismo do texto, quando são dirigidos com interesse para a intelectualização dos indivíduos. Sendo essenciais para o conceito das Novas Humanidades. Este conceito deve ser pensado como uma interacção entre as humanidades e os novos meios de comunicação e tecnológicos.[4]
As Humanidades e a sua existência significativa no texto têm de sobreviver na nossa cultura, porque permitem o nosso alcance identitário. Por exemplo se não tivéssemos testemunhos narrados deixados por outras gerações, seriamos um mundo sem história, o que levaria a sua Queda. A nossa identidade como espécie humana, simplesmente não existia, porque não conheceríamos o antigo, o novo e o seu processo de relação evolutivo.
A investigação impulsiona o homem à reflexão, a observação e a representação do mundo, levando-o a experienciar e a querer narrar tal experiência. A superação de teses sempre foi um passo de evolução intelectual na sua existência e a procura de sentido no texto é fundamental para esta evolução tão importante. A renovação é um processo que nos caracteriza e que nos complexifica. Porque o homem deve saber aceitar os seus erros e para tal é necessário para além do conhecimento prático ter conhecimento teórico para analisar a sua praxis.
«A relação mensagem e código tornou-se mais complexa com a escrita, de um modo um tanto indirecto. O que aqui tenho em mente diz respeito à função dos géneros literários na produção do discurso enquanto tal modo de discurso, quer como poema, narrativa ou ensaio.»[5] Como podemos reflectir nesta afirmação, o texto traduz-se num pluralismo significativo do saber, porque nos aparece de diversas formas. As suas possibilidades existenciais são quase infinitas e apresentam-nos um máximo criativo existencial. O texto é uma criação e a sua leitura é uma interpretação da criatividade que ele nos oferece, com um intuito dessa nos influenciar a multiplicar o conhecimento presente no texto e em nós mesmos.
A vida humana é um desafio existencial muito complexo, a sua complexidade por vezes traduz-se em conflito no homem. Porque se sente sozinho nesse desafio. E com tanta informação fútil e pouco abrangente de questões existenciais, o ser humano precisa de se agarrar a algo. Esse algo deve ser conduzido pelas próprias instituições educativas. Se a condução for feita pelas instituições de ócio podemos perceber que o homem viverá unicamente de consumos imediatos, dirigindo o seu prazer unicamente ao materialismo. O homem vive de prazer e desejos e esses devem ser educados humanisticamente, porque há desejos reflexivos e prazeres cognitivos que nos ensinam a lidar e a viver com o nosso dia-a-dia, caminhando para a procura da felicidade intelectual. Nada melhor, do que ser desde pequeno habituado a ler e conhecer um mundo virtual de personagens e episódios com um toque de magia, que podemos depois com a consciência (que está sempre em desenvolvimento contínuo) relacionar com a nossa própria existência. Ajudando-nos a conhecer o nosso eu e a reconhecer a importância do outro em nós.
Este desafio pode justificar a necessidade de actualizar as Humanidades, porque demonstra que é preciso haver sempre relações com o quotidiano vivido. As coisas mudam e hoje em dia tal mutação é muito rápida.


«As humanidades clássicas são desafiadas hoje pelas artes do espectáculo, pelos estudos artísticos e culturais, pelo multimédia, pelos videojogos. A reforma profundíssima de que carecem as Faculdades de Letras reside fundamentalmente em superar o arquivismo do saber ali praticado e entrosá-lo na efervescente actividade cultural das sociedades contemporâneas.
Tal reforma não significa de modo algum que as Faculdades de Letras deixem de estudar o que no fundo sempre estudaram, as vias e os resultados de como o homem se tem interrogado e pensado ao longo dos séculos e no meio de culturas e civilizações diversas. O que varia sim é o espírito desse assunto, já não o estudo de matérias passadas e mortas, mas de um património em uso profícuo e constante em actividades e produtos actuais.» (6)


A Hermenêutica como já referimos é uma arte e uma técnica no que se traduz como interpretação de textos. E os seus preciosos estudos sobre o bom interpretar e a possibilidade que esse nos permite fazer sentido no mundo eleva-nos a uma transcendência. Penso que é importante referir hoje no mundo contemporâneo que a capacidade de interpretação é extremamente necessária na nossa vida quotidiana. Temos de saber interpretar o que nos dão como informação, como estudo ou como verdades. Vivemos numa sociedade onde a tecnologia tem poder manipulativo e se não soubermos interpretar criticamente tal poder, facilmente somos persuadidos por ele. «
A verdade hermenêutica é sempre relativa a uma situação»[7] E se tomarmos consciência no plano da vida real, o mesmo acontece e por vezes devido a uma informação sintetizada e mediática tomamos verdades sem as contextualizar a sua situação. Cada vez mais é importante reflectir no que lêmos, ouvimos ou vêmos, porque a informação é tanta, que se não a analisarmos, tentarmos explicar e compreender corremos o risco de a aceitar indubitavelmente e ela sem dúvida é adulterada.
«Divertimento - Não podendo curar a morte, a miséria, a ignorância, os homem resolveram, para viverem felizes, não pensar nisso.»[8] Este pensamento de Pascal (1623-62) foi e é visionário sobre o presente e o futuro das nossas sociedades actuais, as pessoas estão a entrar num ciclo vicioso, onde a desvalorização de pensar é uma realidade. Pensar é um processo complexo no homem e que torna realmente a sua natureza tão especial. Pensar envolve a linguagem e para aprofundarmos o nosso conhecimento temos de ter uma forte relação com ela. O pensamento deve ser criativo e composto de reflexão sobre o Mundo, sobre o nosso Eu e sobre o Outro que nos rodeia. Estes três elementos estão sempre em relação e constituem-nos como um Ser. Se não pensarmos neste âmbito tão complexo, estamos em risco de ficarmos ignorantes, ou seja, de sofrer de iliteracia. O que se traduzirá na grande crise dos nossos tempos. Podemos saber ler e escrever, mas se não soubermos assimilar significações e o sentido das coisas estamos perdidos na obscuridade do pensamento invertido. Esta capacidade incapacitante promove um novo género de censura na mente das pessoas, contudo considero que esta será uma das censuras mais perigosa  do que muitos outros tipos de censura que já tivemos ao longo da história. Porquê? Porque é uma censura em anonimato, a sua aplicação é indirecta e as pessoas não se apercebem da sua existência.
Para terminar o meu pequeno estudo, porque sem dúvida só demonstra um impacto primário da importância do texto. Este capítulo teve por objectivo informar o leitor sobre a importância da procura do sentido do texto na existência humana. E penso, que tal objectivo tenha sido alcançado, porque já somos capazes de entender que o homem tem o poder de fazer sentido no mundo e uma ferramenta essencial para esse sentido estar em expansão é o facto de ele próprio procurar o sentido nos textos. O texto é um veículo de grande relevo para a formação existencial do ser humano. Os livros tornam-nos mais humanos e impulsionam-nos a conhecer mais do nosso mundo e do seu tempo vivido, pelo outro que nos faz navegar numa experiencia única de significações e sentido.
Abordou-se também a problemática das novas humanidades com o objectivo de concretizar uma apologia às humanidades, devido à sua importância existencial na educação e formação do indivíduo, com o intuito de se reflectir na sua emergência, e expansão do seu âmbito metodológico (novamente) a todas as áreas existentes no mundo do Saber.
O texto, a obra literária é uma das muitas luzes da Humanidade. Ilumina um caminho gratificante e testemunhado na vida humana. A sua durabilidade em nós, a sua estrutura e o seu sentido ensina-nos a reflectir criticamente, o que desenvolve o nosso pensamento. Leituras apressadas não são solução para o nosso mundo em crise. O refúgio do livro é um modo artístico de vida. Expande a nossa criatividade de ser e liberta-nos da obscuridade. O seu princípio, meio e fim narra-nos um tempo vivido, que quando lido e interpretado constitui o nosso próprio ser.







[1] FIDALGO, António, Novas Humanidades, rev. À Beira, nº7, Universidade da Beira Interior, 2007, pag.9
[2] RICOEUR, Paul, Finitud y Culpabilidad, Ed. Taurus, (S.L), (S.D), pag. 123
[3] Conceitos Fundamentais, pag.19
[4] Chamo a atenção do leitor para não interpretar o conceito de novos meios de comunicação, apenas como os meios televisivos ou jornalísticos comuns, actualmente sabemos que eles por intuito querem estabelecer uma cultura de massas conformada, incentivando as pessoas à própria cultura do ócio, do consumo e do facilitismo. Como em todas as áreas dentro dos novos meios de comunicação há profissionais bons e maus, complexos e fúteis, críticos e acríticos. O problema é que estamos habitualmente acostumados a receber informação dos profissionais que promovem mensagens insustentáveis de crítica para as massas e por este facto, e facilmente esquecemos de procurar a critica que outros profissionais querem promover e publicar. Essa procura tem de ser realizada por mérito próprio, visto que devido ao intuito de se querer massificar a opinião pública, muitos dos seus trabalhos são só dirigidos para a uma pequena comunidade de interessados.
[5] Teoria da Interpretação, pag.50
[6] FIDALGO, António, Novas Humanidades, rev. À Beira, nº7, Universidade da Beira Interior, 2007,pag.15
[7] Conceitos Fundamentais, pag.12
[8] PASCAL, Blaise, Pensamentos escolhidos, (trad.Port. Esther Lemos), Editorial Verbo, col. Livros RTP, Lisboa, 1972, pag.53


(...)


CONCLUSÃO

Para concluir o meu trabalho considero necessária a minha reflexão sobre a temática em causa. E tal reflexão desenvolve-se na apologia ao texto, como uma ferramenta essencial no desenvolvimento de faculdades necessárias para o bem-estar do homem no mundo.
«Senão aliviar nenhum sofrimento humano, o argumento do filósofo não faz sentido (Epicuro)»[1]  Este pensamento torna possível a compreensão do desenvolvimento do meu trabalho. Quando decidi trabalhar sobre esta temática do texto foi com o intuito de revelar ao leitor a importância do texto na nossa existência como seres complexos e enigmáticos. O texto tem em si fins terapêuticos e esses revelam-se na sua interpretação.
Como referi na introdução na Filosofia estamos habituados a ter como objecto de trabalho e de estudo livros, teses e obras. É importante referir o quanto a leitura é fundamental para o pensamento filosófico e como a filosofia sempre foi uma área fundamental nas humanidades e sempre teve por intuito aproximar-se das pessoas e das suas questões existenciais e ideológicas. E é por esta razão que eu concordo ser muito interessante a possibilidade dos filósofos e estudantes de filosofia primarem no seu pensamento a vontade de ajudar os outros e esta ajuda será possível na reabilitação total da valorização do texto e da obra literária.
Ricoeur é o pensador que mais me impressionou na minha investigação, o seu pensamento nutrido de fenomenologia e hermenêutica foi muito importante para eu lidar com esta temática e suas problemáticas envolventes. No sentido, que me levou a interiorizar a necessidade de procurar o sentido no texto, procurar a reviver o seu enredo. Fez-me compreender o que sinto, quando leio e quando se traduz a preciosidade de procurar entender o texto, no que é e no que diz.
“Ode ao Texto” foi talvez um nome exagerado para o meu trabalho, mas o meu intuito ao apela-lo com este nome conceptual tão significativo é uma espécie de metáfora com o que quis transmitir sobre a importância do texto. Cabe-nos a nós como estudantes de Letras e filhos desta nova geração reabilitar os conceitos fundamentais do nosso estudo e poder acreditar na sua renovação para que não percam o seu sentido e a sua significação existencial.
Não podemos deixar que as politicas efectuem pressão para haver cada vez mais um maior facilitismo na educação dos cidadãos. E para lutar contra tal impasse significativo, temos de ter consciência que cabe a todos nós tentar mudar tal processo reformativo. Podemos acreditar, que uma missão possível para um aluno de filosofia será lançar métodos pedagógicos, que permitam da criança ao idoso ajudar a compreender melhor o mundo e o seu próprio “eu” relacionado com o “outro”. Não podemos acreditar que tal processo é impossível, porque todos nós podemos fazer alguma coisa para melhorar o mundo. Temos de deixar de ligar tanto às questões materiais e começar a interiorizar questões mais humanistas. Sócrates quando ensinava os seus discípulos não pedia em troca bens materiais. Sabemos, que os tempos mudaram e portanto as próprias vontades também, contudo muitos dos problemas existenciais mantêm-se. A dependência monetária existe, mas não nos pode tornar viciados e envolvidos na Roda da Fortuna, temos de contrariar a ideia que a nossa vida é conduzida pelo investimento económico que fazemos. Temos de lembrar ao mundo, que o maior e melhor investimento que podemos fazer, encontra-se na reflexão e no conhecimento da vida.
Para terminar, quero pedir desculpa ao leitor se considera o meu pensamento utópico, tenho a consciência que em certos aspectos possa-o ser, mas o mundo da utopia é um mundo virtual, que nos permite meditar no mundo real. E do mundo da utopia podemos retirar as nossas ideologias existenciais. E penso, que é importante nunca deixar de acreditar na mudança, porque esse acreditar ajuda-nos a caminhar para a frente e a lutar pelo que pensamos ser correcto. Há que debater estas temáticas e problemáticas, porque nos encontramos num novo milénio, num novo século (XXI) e no próprio futuro preenchimento da sua segundo década. Estamos numa época de mudanças e todos temos de fazer um esforço para estarmos nelas, compreende-las, confronta-las e critica-las. Vivemos numa sociedade de imensos valores e suscita-se o problema da escolha. Para escolher, temos de decidir conhecer e reflectir. E penso, que uma das soluções para esta problemática e crise actual, será a leitura e o conhecimento de obras. Só deste modo, podemos sustentar e criar novas obras e começar a redigir a nossa actualidade, confrontando-a com o seu passado, presente e o seu futuro possível. E nunca tivemos tantos meios como hoje, que nos possibilitem criar uma rede de conhecimento tão complexa e global.






[1] MARINOFF, Lou, Mais Platão, menos Prozac, (trad.Port.), 6ª edição, Editorial Presença, Lisboa, Janeiro, 2007, pag.49

Magritte "O principio do prazer."

(Este trabalho é mais extenso. Contudo fiz uma selecção de partes que o envolvem na sua totalidade. As partes que na verdade são traduzidas do meu próprio  ser, ou seja humuristicamente "as que mais opino "sobre a temática em causa.)