Tuesday 28 February 2012

Eu introspectivo

O absurdo envolve-me.
Cada vez mais compreendo que me constituo de realidades ficcionadas.
Ficções criadas em mim e para mim inconscientes do Outro em si.

A procura de sentido no mundo perdura em meu ser.
Contudo, existem caminhos de eterno retorno que deixam meu ser cansado.
As possibilidades encontram-se totalmente esgotadas.
Sinto a necessidade de superação. A luta deve iniciar-se!
O impossível não pode ser só uma miragem.

O meu universo pertence-me e despertence-me ...
Sinto-me só neste imenso paradoxal que me rodeia. Porém, torno-me consciente de que o Outro em mim acompanha-me.
Confesso, que já o procurei erradamente...
Indaguei-o noutro ente ficcionado, esquecendo o quão ele me é intrínseco. 
Aqui e agora.

Carrego-te em mim.
E no teu Todo desconhecido preciso o Nada conhecer.
Porque 1+1 é igual a 3.

Desperto-me e envolvo-me!
Liberto-me.

O olhar íntimo....
O "Conhece-te a ti mesmo."
Tenho-me procurado, mas percebo que falhei.
Esqueci a dictomia que me substancializa.
A ipseidade e a alteridade.
Eis o mesmo que todos ignoram.

Vou percorrer este rumo enigmático.
Hoje beijo o absurdo em mim.
Amanhã compreenderei que a contradição e a negação de meu ser
serão a força do meu espírito.
A experiência do meu carácter.

A vida.
A morte.
A mutação. O ser vivo e vivido!
O Ser.

Friday 3 February 2012

Manifesto

Manifesta-se aqui e agora a necessidade de propor uma reflexão sobre uma problemática, que tem vindo a afectar profissionais da área do Design Gráfico. Uma problemática que precisa de ser exposta com o objectivo de tentar substancializar a deontologia que emerge no trabalho criativo, técnico, crítico e conceptual de um profissional desta área. Actualmente, existe uma confusão significativa sobre as funções desempenhadas por um artista/designer gráfico e por um designer de multimédia e torna-se, por isso, necessário referir o quão é importante o empregador oferecer-lhe o espaço necessário para cada profissional se possa envolver no seu trabalho de forma total e direccionada à sua formação de forma artística, intelectual e técnica. O que de facto, só se concretiza se o artista gráfico trabalhar com os meios e as ferramentas que caracterizam o seu espaço de empenho profissional. O mesmo se passará com o designer de multimédia. 
A problemática que queremos aqui analisar tem como objectivo educar os que não compreendem a multidisciplinaridade que existe no design e particularmente em duas áreas, que se relacionam no campo de actuação profissional, mas que são totalmente divergentes na forma de actuarem. Distinguindo-se, pelo facto dos seus profissionais utilizarem ferramentas e instrumentos de trabalho diferentes e também pela necessidade de desenvolverem capacidades distintas no seu modo de criação técnica e criativa (contudo, estão relacionadas em si mesmas).
O designer gráfico é um profissional que nutre em si capacidades técnicas, porque trabalha com plataformas específicas (Photoshop, Illustrator e InDesign) que na realidade são as ferramentas que substancializam o seu trabalho na exigência técnica que esta arte gráfica incita em si. 
Como em qualquer arte, o artesão tem de saber trabalhar primeiro uma ideia antes de a praticar no seu espaço físico, ou seja tem de a trabalhar de forma conceptual e criativa, tendo de ser totalmente exigente na sua criação. Para quem não sabe, o design gráfico tem por intuito deontológico comunicar visualmente, ideias e conceitos que irão nutrir em si a tal formalidade técnica referida anteriormente. Esta exigência de que se fala é fundamental em qualquer criação e por sua vez, a dedicação a esta é primordial para o seu alcance, visto que é a primeira ferramenta de trabalho para que qualquer profissional consiga alcançar o Impossível. Por outras palavras, conseguir criar a novidade ou o novo produto que sustentará um bom trabalho criativo e técnico, porque supera o que é possível e o que já existe como possibilidade.
 Fala-se, também, na dedicação, porque actualmente surgindo esta confusão profissional entre as duas áreas referidas torna-se cada vez mais difícil os profissionais de ambas as áreas conseguirem-se dedicar totalmente à essência do seu trabalho. E, acredita-se, que é a dedicação do ser humano que permite desenvolver as suas capacidades cognitivas, criativas e técnicas, que são fundamentais para qualquer profissional evoluir no seu trabalho e conseguir atingir os objectivos que delineia para si e para a sua criação.
Sabe-se por sua vez, que esta problemática nasce de alguns factor circunstanciais do quotidiano, contudo esses não justificam a falta de profissionalismo que tem vindo a caracterizar os empregadores. O facto de estarmos a viver numa situação de crise económica, não justifica que se queira um designer gráfico a trabalhar numa empresa concretizando as suas funções profissionais e as funções de um Web designer nem o vice-versa. Esta situação é insustentável para que o profissional consiga elaborar um bom trabalho, porque a sua formação incide em âmbitos diferentes e apesar de se estar a falar neste caso específico, acredita-se que tal aplica-se a todas as áreas profissionais. 
É possível, que exista algum domínio técnico mútuo sobre as duas áreas, mas será um conhecimento básico e por sua vez insustentável, se o empregador quer que o profissional o domine, deverá investir na formação profissional do seu empregado. Porque ambos os trabalhos necessitam em si de exigência técnica e criativa e para alcançarem tal patamar é preciso nutrirem de especificidades distintas, não se devendo desvalorizar ambos os patamares. Por exemplo, um designer gráfico até pode fazer design para web, mas é necessário compreender que é algo completamente diferente de webdesign, também pode fazer um E-card, uma imagem de apresentação para um produto, preparar as fotos para um slideshow de um website ou até mesmo fazer o layout de um website, mas o designer gráfico não programa em HTML, nem CSS, nem Javascript, nem ActionScript, como o Web designer está formado e preparado para o fazer, porque essas plataformas pertencem às suas específicas ferramentas de trabalho. 
É importante, portanto, que compreender-se que o designer gráfico trata de imagem e texto, trabalhando-os para que sejam visualmente apelativos e que de forma exigente quer alcançar uma qualidade de impressão única (porque não trabalha somente no espaço digital como o Web designer, mas também no espaço físico). Um designer gráfico pode até perceber de webdesign, porém como já foi referido, poderá fazer sem grandes dificuldades um Blog, actualizações em sites ou até mesmo criar um site simples com três ou quatro links. Contundo, o facto de perceber um pouco é completamente diferente de se ser profissional nessa área, o designer gráfico não trata de linhas de código nem de problemas de usabilidade web, porque não está formado para tal. O mesmo se passa com o Web designer, ele pode até ser bom a utilizar o Photoshop como ferramenta de trabalho, pode até conseguir criar cartazes ou meios de comunicação externa, mas repete-se circunstancialmente o mesmo, não foi essa a base da sua formação académica.
E aqui surge por consequência a problemática que se quer expor neste manifesto, o facto desta confusão profissional devir de uma possibilidade de o empregador poupar um salário de forma lucrativa para si e de não se preocupar minimamente com o facto de estar a sobrecarregar um funcionário com funções profissionais que não domina ou de simplesmente nem se lembrar que tem de investir na formação desse. Porque, actualmente, qualquer funcionário/a sabe o quão é importante e benéfico para si aprender a lidar com novas ferramentas de trabalho e na verdade sente essa vontade em si. Todavia, o investimento na formação do profissional por parte do empregador não é comum, o que acaba por assumir em si a consequência actual de se produzir em quantidade e não em qualidade. Concretizando-se massivamente trabalhos carentes de domínio técnico e criativo. Elevando, assim e também a repetição constante de produtos em ambas as áreas: não se incentivando e investindo na criação de novos produtos, que na verdade é o que estimula a evolução em ambas as áreas e a intervenção destas nos campos espaciais e temporais da nossa sociedade. 
É substancial compreender-se que hoje como nunca vivemos na Era da Imagem e que tal factor histórico torna primordial trabalhar de forma exigente as áreas que têm como essência indagativa a Imagem, o seu signo e o seu papel declarativo, exclamativo, interrogativo ou até mesmo imperativo. Tornando-se cada vez mais numa forte linguagem universal que tem por intuito a aproximação das diferentes e possíveis interpretações humanas (racionais e emocionais). O que pode ser benéfico, porém também perigoso!
Não se quer portanto, sobrevalorizar nenhuma área aqui, antes pelo contrário argumenta-se é a necessidade de existir no mercado do trabalho uma relação entre estas duas áreas referidas ao longo do manifesto. Uma empresa terá benefício substancial em possuir um departamento de comunicação, onde a equipa de funcionários seja constituída pelo menos por um designer Gráfico e um Web designer. Porque, ambos trabalharão vocacionados para o seu modus operandi, o que permitirá uma responsabilidade maior na sua produção,e o que se traduzirá por consequente num maior sucesso para os objectivos propostos pelo empregador. A dedicação abraça, portanto, a vontade e emerge em si um desenvolvimento significativo no alcance de objectivos esperados e inesperados, que irão ser valorizados na recepção do público-alvo.
Considera-se fundamental referir esta perspectiva analítica do problema, porque se torna necessário na nossa época em causa investir na formação, na produção e na criação profissional. Não se pode permitir que a falta de profissionalismo estruture a sociedade, numa era em que é necessário cada vez mais trabalhar novos conceitos ou adornar novos sentidos aos antigos. Em períodos de crise é essencial trabalhar a criatividade e desenvolver novos sistemas de significação nas estruturas sociais. Não se pode simplesmente deixar que a ética profissional se deteriore e surja a desresponsabilização total no mundo profissional, sendo por isso necessário que os estudantes e os profissionais sejam conscientes da deontologia da sua profissão, tal como dos meios que necessitam para desenvolverem a sua produção, criação e também os fins que devem alcançar. Esta auto-consciência é um dever na sua vida para compreenderem a necessidade de exigência na sua acção profissional e o como a dedicação deve ser um dos instrumentos necessários para conseguirem trabalhar e não laborar apenas. Só assim, se pode alcançar o ideal da polivalência disciplinar e profissional, primeiro há que definir a vocação interior para depois torná-la aberta ao exterior.
Para terminar, quer-se referir o quão importante é a crítica e a informação que surge dessa. Sendo cada vez mais importante, o profissional saber justificar e argumentar o seu papel no mercado do trabalho. A banalização de signos é uma realidade que cada vez mais atinge o fórum social. E cabe a todas as pessoas o dever de a analisarem e proporem a procura de sentido para as coisas que as rodeiam. E a profissão (o operar) leva-nos a procurar o sentido e a significação numa vocação específica que se interliga de forma multidisciplinar com outras. Sendo importante não esquecer que a profissão é um modo primordial, desde da Antiguidade, para se adquirir saberes necessários que irão cooperar com o desenvolvimento e estruturação de qualquer civilização humana em todos os seus ditames (artísticos, históricos, sociais, económicos, políticos e culturais).